Dom Afonso Henriques - O Homem que deu forma a Portugal

Este homem aqui jacente aos meus olhos foi em tempos distantes o filho, o homem, o rei que deu rosto e forma a Portugal. Abdicou de muito para ter este pedaço de terra que mal governado vai sobrevivendo ano a pós ano às invasões, não de muçulmanos, mas de uma politica que tem como objectivo extorquir o pouco que o pobre ganha, para dar ao rico que nada faz para o merecer. Se em tempos distantes havia uma certa justiça aplicada pela força da espada, hoje a justiça é aplicada pela força da caneta e das palavras, da tão acalmada democracia e liberdade. Antes era o pobre que decidia se o país seria rico ou não, hoje é o rico que quer fazer mostrar ao pobre que a terra onde vivem é rico. De pouco ou nada vale aplicar a justiça num país que agora está imundo, empestado de maus gestores de contas, de pessoal, de dinheiros, de tudo o que pudermos imaginar. Portugal já não é o Portugal de ontem, hoje é um país do "Se calhar ter Ébola, tem-se a Ébola, que havemos de fazer? É da crise! Esta aceitação, esta doença que vai afectando os portugueses, (não muito, o que é bom) acaba por nos deixar cegos, quase mortos, quase mendigos das próprias ideias, das próprias vidas. Mas é sabido que quando se sente as forças e a vida a ir embora, eis que se volta à carga ganhando tudo.

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Homem altivo e de larga estatura, medindo dez palmos (dois metros e vinte centímetros)[1][2] Foi o homem que deu ao povo lusitano a vitória merecida depois de centenas de invasões Árabes, Romanas e de tantos outros povos cujo o nome se apagaram da pedra perde-se com o tempo

Hoje jaz no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, onde pode ser visto e admirado por quem lá entre. Hoje local de rezas e cerimónias religiosas, já pouco valor se dá ao homem que ergueu portugal com a espada na mão e uma perna partida. Há uma falta de orgulho pelo homem que jaz em Coimbra, pelo homem que foi. Camões é o ultimo rei dos portugueses, e de certo que é de louvar tal talento para a escrita, mesmo que admire Camões, também é de admirar que Henriques, o homem que foi no tempo em que viveu, nas coisas pequenas que fez para hoje se ter muito. Mesmo que a data da publicação não seja o dia 5 de Outubro, o dia em que Portugal ficou livre de amarras como as que vivemos hoje, lanço o texto na mesma para comemorar o homem que fez para merecer o lugar de rei que teve durante 42 anos e vivendo os seus longos 76 anos.

Considerando Camões como um Deus, Viriato é o Cristo e Afonso Henriques o espírito da nossa cultura, que aos poucos se vai apagando, tanto dos livros como das memórias.

Curiosidades:
Alfonsus Henriquez (Nome Antigo)
Alfonso Henriq (Túmulo)
Alfonso Henríquez (Espanha)
Afonso Henriques (Portugal)

[1] - http://andancasmedievais.blogspot.pt/2013/02/afonso-henriques-em-3d.html
[2] - http://www.vidaslusofonas.pt/d.afonso_henriques.htm
Calhar - http://www.priberam.pt/dlpo/calhar
Img.1 - Foto da minha autoria.

Encontrei a calma na chuva.

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Nos dias em que a chuva se deixa cair, sinto uma enorme vontade de a ficar a ver cair, não com um sorriso, não com prazer, nem tão pouco com algum orgulho que eventualmente me chegasse a aquecer o peito por ser agradável vê-la cair. Não! O sentimento que quero descrever é o de alívio, um relaxamento, como se de alguma maneira sobre a qual eu não me consigo bem explicar, me aliviasse o peso, como se a chuva que cai, mesmo que a veja do outro lado da janela e não me toque, sinto como se me limpasse o corpo do podre, das más influências, das coisas que inundam no meu corpo, os germes que habitam nas minhas mãos e os horríveis pensamentos que tenho de vez em quando.

Noto a simplicidade nas gotas da chuva e na forma como cai. Cai na vertical se for em reduzidas quantidades e, vai-se inclinando na perpendicular à medida que vai caindo com mais força. E o barulho por vezes passa do calmo e relaxado para um mais agressivo e completamente caótico, como se em breves segundos surgisse no seu âmago o próprio Caos[1], destruindo tudo, torcendo e contorcendo tudo em que chegasse a colocar as mãos. Mas não acontece, pelo menos aqui, não sem o vento como aliado.

Encontrei a calma na chuva.
Encontrei um silêncio no seu som característico.
Encontrei nas gotas frias a pureza que necessitava para com ela lavar a minha mente.

Legenda:
Img.1 - Fonte
[1] - Caos (Site em Inglês)

Imagens Com História II


Era já noite escura e ela esperava-o à porta do trabalho. Ela, jornalista aspirava ao bom jornalismo, a tornar-se numa das já muitas mulheres a fazer história no jornalismo. Todos os dias esperava que a fosse buscar. Ele, quando demorava um pouco mais, chateava-se, não de maneira espalhafatosa, mas chateada porque ela gostava dele, preocupava-se com ele e, o chegar tarde dele era muito complicado para ela. Perguntava-se o que andaria a fazer, se lhe teria acontecido alguma coisa, ou o pior de todos os cenários, teria tido um acidente. Não, nunca teve um acidente e essa noite tornar-se-ia diferente.
Ela trazia vestido um lindo vestido vermelho tendo por todo ele quadrados pretos pequenos, a saia ligeiramente acima do joelho fazia parte do vestido. Arregaçara as mangas devido ao calor que a emoção do trabalho causava e era dessa maneira que ela o esperava. Não estava frio nem calor, estava uma bela noite agradável. Ele chegara 20 minutos mais tarde e passava já das sete e meia da noite. Ele apresentou-se bem vestido. Camisa azul clara arrumada por dentro das calças de um tom bege e sapatos casuais. Saiu do carro e com um sorriso no rosto disse-lhe "Desculpa a demora meu amor, tive de arranjar umas coisas à última da hora. Espero que gostes." Ela ficou completamente confusa. Deu-lhe o beijo com carinho, mas com um turbilhão de pensamentos na cabeça.

Levou-a a um restaurante, não, não era daqueles chiques, era daqueles restaurantes onde as pessoas realmente comem sem pagar muito. Um restaurante que ainda está para existir, um restaurante com aspecto elegante e bem cuidado, onde o empregado sabe o que vende, onde a simpatia leva a criar um laço forte entre o restaurante e as pessoas que o visitam.

«Porque viemos aqui comer?» - Perguntou-lhe confusa. 
«Porque quero que esta noite seja especial. E porque TU és especial Inês» - Disse-lhe ajudando-a a sentar. 
«Estás a aprontar alguma!» - Disse puxando o sobrolho para baixo.

Ela olhou em volta e tudo aquilo lhe parecia ser demasiado caro e, perguntou. «Tens dinheiro para isto tudo? Como conseguiste uma mesa aqui? Isto parece caríssimo, e demasiado elegante, e se eu soubesse ter-me-ia arranjado!» Disse chateada. Inês era uma rapariga simples, muito decidida e fiel aos seus sentimentos. Era uma rapariga que não tinha vergonha das suas origens e, muito menos, de sujar as mãos e estragar as unhas quando ajudava os avós durante as férias de verão, mas mesmo assim gostava de se arranjar.

Comeram bem e pagaram pouco. Ao entrarem no carro disse-lhe ele que ainda havia mais uma surpresa, que essa surpresa foi o motivo pelo qual ele se atrasou tanto. Dirigiram-se para casa e ao chegar, pediu-lhe que abrisse a porta. Ao abri-la deu de caras com um presente, uma caixa retangular e fina com papel de aniversário. - «Abre! Espero que gostes!" Ela segurando as lágrimas que faziam de tudo para lhe cair no rosto vermelho, correu para a caixa abrindo-a como se fosse uma criança. E quando desembrulhou o presente deixou correr bochecha abaixo saindo-lhe na ponta do queixo as lágrimas que já não conseguia segurar. Levantou-se e sorriu limpando o rosto com a manga do casaco dele. Beijou-o. Não o beijou como de todas as outras vezes, desta vez beijou-o de uma maneira especial, tal como aquele beijo estranho e carregado de tanto amor, de tanto carinho que se dá no altar, ou ao filho que é colocado nos braços de uma mãe depois de nascer. Naquele momento o seu coração alterou a pulsação, a respiração tomou outro ritmo e, na sua cabeça, todos os males, todos os medos, todos os pesadelos que a faziam recuar alguns passos, desapareceram. E se não desapareceram esconderam-se bem. 

 Ela, de nome Inês veio a tornar-se numa excelente escritora. Ele Joaquim, é hoje eletricista numa pequena empresa que criou com um primo. O presente, foi um portátil, a ferramenta de trabalho que ela tanto desejara e que a veio ajudar a tornar-se melhor profissional.

O comboio - Livro Comentado

O Comboio tem como público alvo a criança dos 7 aos 9 anos de idade. Foi publicado em 2012 pela editora OQO em colaboração com a escritora Italiana Silvia Santirosi e ilustrações de Chiara Carrer. A tradução foi realizada por Elisabete Ramos.

Editora OQO - Chiara Carrer
A Autora
Nasceu em Roma, estando actualmente a viver em França, onde tem como ocupação, o jornalismo, literatura e freelancer de ilustração. 

A escrita
A escrita é fluída e simples de se entender e facilmente percebida pelas crianças. O assunto não podia ser mais delicado, trata-se da morta da mãe de uma menina. A história é contada pela filha que sente a perda da mãe e pelo pai que tenta de maneiras simples entender os sentimentos da filha e com isso, tentar mostrar-lhe com objectividade a explicação da morte. A história é sobre a pequena menina que sonha com uma estação e um comboio que acaba todas as noites por perder. Significando a estação um ponto de partida sem um destino concreto juntamente com a explicação de que o comboio é a perda e a frustração causada pela ausência da mãe, mostra de uma maneira simples que a criança está confusa e perdida. O pai para tentar apaziguar a frustração da menina não conseguir entrar no comboio, conta a história de um cego, na tentativa de conseguir explicar à filha a morte da mãe. 

O problema na história está mais no conto que o pai conta à filha ser desajustado com o tema em questão por todo o livro: “A Morte”. 

No meu ponto de vista, o livro apesar de ser rico em imagens, é fraco no texto, pois a tentativa de explicar a morte de um ente querido a uma criança não fez bem o seu efeito. Fazendo a morte parte da vida, não vi isso contado de maneira simples no livro, nem que a dor que a criança possa sentir é normal e ajuda-la a entender a perda e arranjar algo com que a criança se possa identificar, poderá ou não, fazer a diferença.

Legenda:
Imagem - http://www.oqo.es/editora/pt-pt/content/o-comboio

Links adicionais:
https://www.behance.net/silviasantirosi
http://santirosi.blogspot.fr/

Imagens Com História I

Bitterness by NataliaDrepina
Margarida ajoelhou-se diante de um pequeno grupo de flores e, delicadamente colheu uma. Quando se tentou levantar sentiu não ter forças, pois ver o rosto pálido do Avô deixou-a abatida e preenchida por um sentimento estranho que lhe causava dores de barriga e um desconforto ao respirar. O rosto rapidamente ficou vermelho, os olhos doeram-lhe das lágrimas gélidas que lhe queimavam o rosto, mesmo que os fechasse elas teimavam em sair sem sinal de pararem. O pequeno pingo que lhe quase ia saindo do nariz foi fungado com profunda força evitando assim que algo mais lhe saísse do corpo a não serem as lágrimas que já tanta dor lhe causavam.

Augusta, amiga de infância de Margarida saíra de perto dos pais para acudir a amiga. A mão com que Margarida segurava a flor foi violentamente arremessada contra o chão, desferindo um murro na terra. A mesma terra que naquele momento queria engolir o seu Avô, o homem que tanto sorriso lhe dera. Augusta alcançou-lhe a mão ferida e raivosa com ternura, tentando de alguma maneira mostrar-lhe que não iria sofrer sozinha, ela estaria ali até aquilo acabar e se fosse preciso ficaria mais tempo com ela.

Augusta ajudou Margarida a recuperar o seu pé e caminharam as duas em direcção ao caixão, onde com tanta ternura e um nó na garganta lhe deixou, Margarida, um último sinal de amor e carinho pelo homem divertido, carinhoso e amigo que fora[1].

Foi aquele dia o primeiro dos que estariam para vir no resto da sua vida. Margarida tinha então sete anos e o Avô fora a primeira pessoa a morrer-lhe na família.

Legendas
[1] : Fora
Significado = http://www.priberam.pt/dlpo/fora
Conjugação = http://www.priberam.pt/dlpo/Conjugar/ser (Pretérito Mais-Que-Perfeito)

Música - Daughter

Daughter é o nome da banda composta por Elena Tonra (Voz; Guitarra; Baixo) juntamente com Igor Haefeli (Guitarra) e Remi Aguilella (Bateria; Percussão).

Segundo o Itunes[1] a banda conta já com cinco álbuns, tendo o ultimo sido lançado em Vinil e CD como EP a Maio deste ano com o nome de 4AD Session.

As músicas têm uma gentileza inexplicável, a atmosfera e o ambiente que criam ao ouvinte causam uma sensação de bem estar e tranquilidade sem igual. A voz calma e melodiosa de Elena transformam as músicas em autenticas obras de arte sonoras. Os tons melodiosos e a composição das letras fazem a banda perfeita para um ambiente em família, com amigos, ou até mesmo para pub's e cafés tranquilos.

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Pode não ser perceptível em certas músicas todos os instrumentos utilizados pela banda, os mais comuns são a guitarra e a bateria aliada à voz, mas também a este grupo de instrumentos musicais juntam-se o violino, o trompete, piano e outros instrumentos. A genialidade e originalidade do grupo torna-o numa banda em ascensão, com apenas quatro anos de existência já cativou milhares de pessoas em todo o mundo, como é fácil de comprovar na sua página oficial do facebook[2].

Falámos da música e agora é altura das letras. As letras são algo de extraordinário, há um carinho em cada uma delas e muitas vezes é possível sentir (a quem lê) o amor, a distancia, a mágoa, a solidão que se ouve vocalmente nas músicas. Se já a música em si cativava o ouvido dos que gostam de boa música, as letras são o centro desta, simples e ao mesmo tempo complexas de sentimentos. A simplicidade auditiva é a magia desta banda.

Recomendo perder algum tempo a ouvir algumas das suas músicas. Julgo que não se irão arrepender. Deixo abaixo um video da gravação em estúdio do novo álbum 4AD Session.



Legendas:
Site Oficial : ohdaughter.com
BandCamp : ohdaughter.bandcamp.com

Img.1 : Fonte
[1] : Fonte
[2] : Fonte

Simplicidade é igual a Inovação.

Costuma-se dizer que "menos é mais". A veracidade de tal frase é aplicada às linhas rectas e aos tons de branco e cinza dos equipamentos da marca Apple. Sim, talvez seja uma das razões pelo qual as pessoas compram a marca, não só pela simples utilização intuitiva que se tem ao mexer-lhes, mas também muito das capacidades e funcionalidades do aparelho alinhadas com a subtileza e simplicidade que faz dos seus produtos uma referencia. As marcas só se tornam verdadeiras marcas quando causam a revolução num determinado sector de mercado. O impacto da simplicidade nos nossos dias tem sido das coisas mais debatidas, são as tecnologias a desenvolver cada vez mais aparelhos com menos botões possíveis, utilizando aquilo que temos à nossa disposição, os dedos das mãos. Porquê criar algo com tantos botões se só são utilizados no máximo dois dedos em simultâneo? Segundo estudos de uma universidade da América, quando uma ordem é dada numa folha de papel com uma letra agradável à vista, essa ordem pode ser obtida por parte do receptor como fácil de entender e fazer, enquanto que se no caso da letra bonita for trocar por uma letra mais estranha e complexa, haverá maiores dificuldades em tornar as ordens realizáveis e atingíveis.

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E verdade seja dita, quanto menos botões, etiquetas, letras e distracções tiver o que usamos ou nos for dado a usar, melhor. A simplicidade num texto torna-o agradável, torna-o bonito e preciso. Mas para isso é preciso esforço e dedicação. Tal-e-qual como quando se quer atingir um determinado objectivo, como por exemplo alguém que faz desportos com regularidade, por vezes sabe que se fizer pouco de cada vez (ex: corridas de 30min com intervalos de 5/10min) atingirá o resultado tão ou mais rápido que se o fizer durante mais tempo. Assim acontece com o resto. Quanto menos esforço em tentar compreender algo for feito mais fácil se tornará. 

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A nível pessoal quanto mais arrumado o meu quarto estiver, mais fácil será encontrar o conforto e a despreocupação ao deitar-me na cama, ao invés de ficar preocupado em ter de arrumar quando me levantar. Assim as grandes marcas não só se tornam úteis à sua utilização diária, como a sua arrumação é possível sem grande esforço, o que muitas vezes ajuda a um bom bem estar mental. E com o bem estar mental digo que a despreocupação e facilidade ajudam na resolução de problemas, contrariamente que ter ambientes de alta tensão, ansiedade e stress.


Podemos concluir que Simplicidade é igual a Inovação.


"Se é difícil de pronunciar, então deve ser perigoso."[1]

Legendas:
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Img.2 : Fonte
[1] : Fonte